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Chegando ao final do mês de agosto, a Igreja celebra e dá graças pelo fecundo trabalho exercido através dos leigos e de sua vocação, que emana do Batismo, sendo assim, em sua medida, participantes da função sacerdotal, profética e régia de Cristo (cf. CIC n. 897).

O Concílio Ecumênico Vaticano II reconhece a importância do trabalho laical para a evangelização e abre as portas da Igreja para que os leigos assumam seu protagonismo, iluminando as realidades das quais ele participa e atua (trabalho, família, escolas, sociedade…), com a Boa Nova do Evangelho, fazendo com que Cristo – que é nossa Salvação, chegue a todos.

Conforme a graça e os carismas depositados pelo Senhor em cada um através do Espírito Santo, os leigos podem se sentir chamados a contribuir no serviço à comunidade, através das pastorais, ministérios, equipes e movimentos. É impossível pensar nossas Comunidades Eclesiais de Base sem a preciosa contribuição do leigo que, graças a fecundidade de seus dons possibilita que as comunidades se alimentem da Palavra através das celebrações dominicais e dos círculos bíblicos; anunciem Jesus Cristo e o Reino para novos membros através do serviço da iniciação à vida cristã (IVC como serviço: Cf. CIC n. 910 e 2235); proporcionam aos enfermos e debilitados conforto e esperança, levando a eles Jesus eucarístico; enfim, estes são somente alguns dos muitos frutos que a vocação laical faz crescer na Igreja.

Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. Há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo (1Cor 12,4-5)

“Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. Há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. Há diferentes atividades, mas é o mesmo Deus que realiza tudo m todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito, em vista do bem a todos A um é dada pelo Espírito uma palavra de sabedoria; a outro, uma palavra de conhecimento pelo mesmo Espírito; a outro é dada a fé, pelo mesmo Espírito; a outro são dados dons de cura, pelo mesmo Espírito; a outro, o poder de fazer milagres; a outro, a profecia; a outro, a interpretação das línguas. Todas essas coisas é o único Espírito que realiza, distribuindo-as a cada um conforme quer.” (1Cor 12,4-11)

Dentre os ministérios e serviços, com os quais a Igreja cumpre a sua missão evangelizadora o “ministério da catequese” ocupa um lugar significativo, indispensável para o crescimento da fé. A vocação específica do catequista, portanto, tem sua raiz na vocação comum do povo de Deus, chamado a servir o desígnio salvífico de Deus em favor da humanidade. (DCq n. 110)

Chamado a viver seu carisma, o catequista torna-se transmissor da fé e recebe a missão de iniciar à vida cristã todos os que de bom coração buscam a comunidade, com sede da água viva que é Jesus Cristo (Cf. Jo 4). Daí o local privilegiado no qual exerce seu chamado, a comunidade: o catequista pertence a uma comunidade cristã e dela é expressão. Seu serviço é vivido dentro de uma comunidade, que é o primeiro sujeito de acompanhamento na fé. (DCq n. 111)

Uma missão assumida por todos

Não somente os leigos são chamados à vocação de catequista nas dioceses, também são chamados a esta mesma vocação o bispo, primeiro dentre os catequistas, os padres que com ele partilham a mesma solicitude pastoral, os diáconos, religiosos e religiosas. Suas contribuições são valiosas e fecundas, no entanto é expressiva a contribuição dos catequistas leigos nas diversas realidades de nossas comunidades, tanto na atualidade como desde as primeiras comunidades cristãs.

Ministérios laicais

Com grande sabedoria, São Paulo VI através de sua Carta Apostólica Ministeria Qaedam não só adaptou à nova realidade eclesial os Ministérios de Leitor e Acólito, também abriu a possibilidade de promover outros ministérios, conforme as necessidades geográficas e temporais. Imbuído por essa sabedoria pós-conciliar e do desejo de uma Igreja sinodal, Papa Francisco lê na história da Igreja a contribuição dada por leigos durante os séculos, encarnando a vocação do ser catequista como um modo de vida. Através de seu Motu Proprio Antiquum Ministerium (Ministério Antigo), institui um terceiro ministério laical, o Ministério de Catequista, reconhecendo a importância do leigo na iniciação à vida cristã e no anúncio do Evangelho.

O Ministério de Catequista é uma vocação semelhante à do catequista, no entanto, vai além, tornando-se um modo de viver o anúncio, atribuindo uma ênfase maior ao empenho missionário típico de cada batizado, que, no entanto, deve ser desempenhado de forma plenamente secular, sem cair em qualquer tentativa de clericalização (AtM n. 7). Também se diferencia dos ministérios extraordinários, que são confiados. Sendo um ministério instituído, que confere estabilidade, ou seja, uma vez instituído assim o é para toda a vida, é importante que o catequista que sente esse chamado, passe por um processo de discernimento vocacional e de uma sólida formação. Não se trata de distinção entre catequistas e ministros de catequese, ministérios confiados e ministérios instituídos, mas do amadurecimento e discernimento da riqueza da vocação laical.

Leigos e catequistas, abençoadas sejam vossas vocações.

Nathan Arrigoni Gallão
Referencial da Comissão Pastoral para Animação Bíblico-Catequética do Regional Leste 3

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AtM: Carta Apostólica em forma de Motu Proprio, do Papa Francisco, Antiquum Ministerium, pela qual se institui o ministério de catequista

CIC: Catecismo da Igreja Católica

DCq: Diretório para a Catequese (2020)

IVC: Iniciação à vida cristã

* Os textos bíblicos foram citados utilizando a 6ª edição da Bíblia Sagrada – Tradução Oficial da CNBB