Os capixabas que estavam em Brasília para participar do curso ofertado pelo CEFEP (Centro Nacional de Fé e Política Dom Helder Câmara) já retornaram às suas casas, localizadas no território da Arquidiocese de Vitória. São eles Hildo dos Santos (área pastoral Vila Velha), Cíntia Costa (área pastoral Vitória) e o seminarista Jeferson Aurich Schneider (área pastoral Serrana). Todos foram alunos da Escola de Fé e Política Dom Silvestre Scandian da Arquidiocese de Vitória. Entre os professores do curso, está o também capixaba, Maurício Abdalla, que é professor da UFES, assessor da CNBB e coordenador pedagógico da Escola de Fé e Política arquidiocesana.

O CEFEP foi criado em 2005, como uma iniciativa da CNBB, sob a coordenação da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato. Atualmente a Comissão e o Centro são presididos pelo bispo de Araguaína/TO, Dom Giovane Pereira de Melo. Segundo Jardel Neves Lopes, secretário executivo do CEFEP, a missão do Centro é “promover a transformação social, por meio dos grupos de formação e articulação política, na defesa da democracia participativa, agindo de forma solidária e sendo espaço de diálogo e atenção às pessoas, na perspectiva de uma ecologia integral e de uma economia solidária”.

Os capixabas fazem parte da 10ª turma do curso “Formação política para cristãos(ãs)”, que tem o formato de especialização, e é ofertado em parceria com a PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio de Janeiro. O curso é constituído por 2 módulos presenciais, intercalados por módulos à distância (EAD) e exige a elaboração de um trabalho de conclusão (TCC). A carga horária total do curso é de 360 horas. O 1⁰ módulo teve duração de 9 dias, com aulas ministradas por assessores da CNBB nos períodos da manhã e tarde. No período noturno, a cada dia os alunos assistiram palestras de representantes de diversas entidades parceiras da CNBB, como por exemplo, a Cáritas. A programação também foi composta por místicas diárias, às 7 horas da manhã e diversas missas celebradas ao longo do período.

Todos os alunos ficaram hospedados na Casa de Retiro mantida em Brasília, pela Congregação das Religiosas da Assunção. As aulas, dinâmicas e as refeições também foram realizadas no mesmo local. Jeferson Schneider considerou que “o ambiente foi muito acolhedor e inclusivo e permitiu que os participantes se sentissem confortáveis e engajados”. Cíntia Costa destacou a presença constante e as palavras sempre acolhedoras das Irmãs da Assunção, especialmente durante as missas e celebrações.

Ao longo do curso, os capixabas tiveram a oportunidade de participar de 4 missas em Brasília. A missa de envio foi celebrada pelo Bispo Auxiliar de Brasília, Dom Ricardo Hoepers, secretário-geral da CNBB. Já a missa de encerramento do curso foi celebrada por Dom Giovane de Melo, na CNBB. Na Igreja de Nossa Senhora da Assunção, foram celebradas missas pelos padres Renan Brito (Diocese de Guaxupé/MG) e Marcos Paulo Talon de Oliveira (Arquidiocese do Rio de Janeiro), que também participaram do curso.

O seminarista Jeferson Schneider serviu em todas essas missas. Para Jeferson, “participar das missas celebradas pelos bispos foi uma experiência muito enriquecedora, pois cada bispo tem seu próprio ‘estilo’, então pude experimentar diferentes formas de expressão da fé. Isso fez com que eu me sentisse conectado à Igreja universal e à comunidade cristã, de uma forma mais ampla”. Jeferson considerou também que os dias passados em Brasília, foram excelentes para que pudesse amadurecer a sua fé.

Da mesma forma, Hildo Santos, da Paróquia de Cobilândia/Vila Velha, considerou muito positiva a experiência. De acordo com Hildo, “o módulo inicial do curso do CEFEP foi incrível, atendeu a todas as minhas expectativas. Indico a todos e todas que atuam ou pensam em atuar nas pastorais sociais, que participem desta formação política voltada para cristãos e cristãs”. Em sua avaliação geral, o seminarista Jeferson considerou que, “o conteúdo apresentado em Brasília foi relevante e atualizado, abordando temas importantes para o desenvolvimento dos participantes. A metodologia utilizada pelos assessores/professores foi eficaz porque envolveu os alunos e promoveu a aprendizagem ativa. Por isso, considero que a primeira etapa do curso foi bem-sucedida”.

Outra aluna do curso do CEFEP oriunda da Arquidiocese de Vitória, Cíntia Costa diz que algumas pessoas já lhe disseram que acham “estranho” um curso que reúne fé e política. Cíntia, que é historiadora, explicou que esta não é uma “novidade” dentro da Igreja: “lá no séc. XIX, o Papa Leão XIII, o mesmo que difundiu maciçamente em suas encíclicas a oração do rosário e a devoção a Nossa Senhora, pregava que era um dever dos católicos participar ativamente da política secular, ocupando inclusive, espaços decisórios nas assembleias locais. O Papa Francisco já declarou que a participação política é uma elevada forma de caridade. Esta ideia, porém, não é original de Francisco, pois o Papa Pio XI (que faleceu em 1939) já dizia que a política é ‘a forma mais perfeita de caridade’”. Cíntia esclareceu também que as aulas que teve nas Escolas de Fé e Política da Arquidiocese de Vitória e da CNBB, não são voltados para a política partidária. “A política aqui é entendida como uma forma de atuação, seja nos movimentos sociais ou na esfera pública, não em prol de interesses particulares, mas sim, em defesa do bem comum”, afirmou a cursista.

Na tarde do último sábado (01/02), a coordenação do CEFEP levou toda a turma para uma visita à Catedral de Brasília e à Praça dos Três Poderes. Por fim, o grupo se dirigiu à sede da CNBB, onde puderam visitar uma exposição com todos os cartazes da Campanha da Fraternidade, desde 1964. Para o encerramento do curso, todos participaram de uma missa celebrada por Dom Giovane de Melo na Capela de Nossa Senhora Aparecida, localizada na sede da CNBB.