A cada ano, no mês de agosto, a Igreja no Brasil celebra o mês vocacional, no intuito de despertar que toda Ela – a Igreja – é vocacional. Neste ano de modo especial, estamos vivendo, desde novembro passado, o 3º Ano Vocacional com o tema: “Vocação, graça e missão”, e o lema: “Corações ardentes, pés a caminho” (cf. Lc 24,32-33). O Santo Padre o Papa Francisco, em sua exortação apostólica pós-sinodal Christus vivit, n. 254, nos recorda que “toda pastoral é vocacional, toda formação é vocacional, toda espiritualidade é vocacional”.
A Pessoa humana é, por natureza e vocação, um ser religioso. De Deus ela vem e para Deus ele volta. O ser humano é criado para viver em comunhão com Deus, em quem encontra a sua felicidade. No Evangelho, vemos Jesus chamar a si, aqueles que, mais tarde, tornará seus discípulos: “Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça” (Jo 15,16). Na origem de todo o chamamento autêntico está, portanto, o Senhor que escolhe e convida a segui-lo. A Igreja manifesta, na diversidade e na multiplicidade das vocações, a riqueza do Espírito que distribui livremente os seus dons, segundo um projeto divino. A vida consagrada é, portanto, uma resposta a um chamamento de Deus. Tal vocação, de fato, não se constrói; é recebida de Deus. Este é o próprio sentido da palavra vocação, que significa “chamar”.
Santo Agostinho escreve, no entanto, que a vocação sacerdotal é um serviço de amor, porque é um serviço de pastor, de gastar a vida no zelo pelo rebanho que é o povo de Deus. O Santo Padre acrescenta, que a vocação sacerdotal “significa arriscar a vida pelo Senhor e pelos irmãos, carregando na própria carne as alegrias e angústias do povo, dedicando tempo e escuta para curar as feridas dos outros, oferecendo a todos a ternura do Pai”. Quem sente no íntimo do coração o chamado de Deus para seguir a vocação sacerdotal deve se preparar para o serviço de amor ao próximo no seguimento de Jesus, ou seja, na entrega da vida. Há necessidade de um período relativamente longo de preparação.
Portanto, para responder à sua vocação mais profunda, o sacerdote é chamado a ser antes de tudo o que é: Um “homem de Deus” (1Tm 6,11). Um homem que vive profundamente imerso no mistério trinitário: abandonado e inteiramente disponível à vontade do Pai; empenhado no seguimento de Jesus e na vivência do seu Evangelho através da prática da caridade pastoral, conduzido pela liberdade do Espírito numa vida de comunhão e esperança. Isso não é idealismo, mas a verdade do “tesouro” de que o presbítero é portador, embora sendo um “vaso de barro” (2Cor 4,7).
Pe. Edgar Rigoni
Referencial da Comissão para Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada
Regional Leste 3